Qualidades de um bom pregador
A vocação ministerial Todo cristão tem além do direito, o dever de disseminar o evangelho de Cristo. Contudo o ministério da pregação, ou da palavra, tem o seu lugar de destaque no trabalho cristão. Para exercer este ministério é necessário que tenhamos compreensão exata do caráter sublime da vocação ministerial. O chamado dos profetas e pregadores do Antigo e Novo Testamento nos leva a compreensão de que é o Senhor quem escolhe seus ministros, e nunca estes o ministério. Veja em algumas passagens em que estes ministros reivindicam comissionamento da parte do Senhor. Isaias revela-nos que um dos serafins purificou seus lábios com uma brasa tirada do altar, e que a voz do Senhor lhe disse: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós” (Is 6.8). Então, Isaias prontamente lhe responde: “Eis me aqui, envia-me a mim”. O profeta se prontifica, contudo, não se apreça até que o Senhor o qualifique para sua grande e nobre missão. Jeremias por sua vez, narra detalhes de sua vocação no primeiro capitulo de seu livro: “Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o SENHOR. E estendeu o SENHOR a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; Olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares. (Jr 4. 1-10).
De semelhante propósito foi a vocação de Ezequiel, conforme suas palavras se deu da seguinte forma: “E DISSE-ME: Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando ele falava comigo, e me pôs em pé, e ouvi o que me falava. E disse-me: Filho do homem, eu te envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se rebelaram contra mim; eles e seus pais transgrediram contra mim até este mesmo dia.” (Ez 2. 1-3). “DEPOIS me disse: Filho do homem, come o que achares; come este rolo, e vai, fala à casa de Israel. Então abri a minha boca, e me deu a comer o rolo. E disse-me: Filho do homem, dá de comer ao teu ventre, e enche as tuas entranhas deste rolo que eu te dou. Então o comi, e era na minha boca doce como o mel. E disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, e dize-lhe as minhas palavras.” (Ez 3. 1-4). Entre outras passagens, estas nos asseguram que este é um ministério para quem o Senhor chamar, pois é certo que aquele a quem chamou, antes vocacionou. “E como pregarão, se não forem enviados?” (Rm 10. 15). O solene significado destas palavras paulinas deve ser compreendido por todos os que se propõem a servir o reino de Deus no ministério da palavra. Posto que para ser obreiro da seara, não basta ser chamado obreiro, na verdade, precisa ser obreiro chamado. A chamada para o ministério é uma experiência real e especifica, não pode ser confundida com o mero desejo de fazer alguma coisa para Deus, quem foi alvo desta chamada pode lembrar-se de quando e em que circunstância foi chamado por Deus. Precisamos ter em mente que os ministérios cristão são dádivas de Deus para a igreja, posto que, “… ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores.” (Ef 4. 11).
Nascido de novo A base da mensagem do pregador comprometido com o reino de Deus não deve consistir apenas nas informações adquiridas em livros ou outros meio de comunicação, nem ainda em suas habilidades com as artes da comunicação. É obvio que estas informações são válidas, contudo, a expressão maior do pregador deve estar em suas convicções de um crente nascido de novo – regenerado por Cristo. Esta deve ser a experiência vital inicial daquele que se dispõe a pregar o evangelho de Cristo, pois, do contrário, ainda que este diga com toda a veemência: “assim diz o Senhor”, certamente a palavra do Senhor a respeito deste será esta: “eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e não trouxeram proveito algum a este povo, diz o SENHOR. (Jr 23.32). Lamentavelmente não são poucos os indivíduos que chegaram aos cargos eclesiásticos sem terem vivido a experiência do novo nascimento. São apenas profissionais de púlpitos, oradores que até levam multidões à estase religiosa, que até profetizam, expulsão demônios, curaram doentes, fazem muitas maravilhas, contudo, ouvirão do Senhor: “Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.” (Mt 7.23). Ciente da realidade maior de seu ministério, o apóstolo Paulo afirma: “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” (I Co 9. 27). O pregador não deve ser hipócrita, oferecendo uma salvação que nem ele mesmo tenha experimentado. Antes, sua vida deve ser cheia do Espírito Santo. Entretanto, é bom que se diga que uma vida cheia do Espírito de Deus deve ser evidenciada pelo fruto do Espírito, isto posto, a vida do pregador deve evidenciar o “amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.” (Gl 5.22). Se estes quesitos ainda não fazem parte de nosso caráter, devemos receber o conselho do mestre “Necessário vos é nascer de novo.” (João 3. 7).
Chamado por Deus O ensino geral das Escrituras evidencia dois tipos de chamadas, a saber; a chamada geral e a especifica. A primeira diz respeito a todos os salvos em Cristo que indistintamente recebem a missão de ser o sal da terra e luz do mundo, testemunhas de Cristo a tempo e fora de tempo. Neste sentido é que Jesus em seu ministério terreno tinha uma inumerável quantidade de discípulos, pessoas que compreenderam a necessidade de testemunharem as novidades do reino de Deus de forma espontânea e esporádica, ou seja, não são ministros oficiais. Contudo, entre esta multidão de discípulos, o Senhor da seara chama um seleto grupo para o ministério apostólico, nos dando a entender que embora haja muitos chamados para a salvação, são poucos os escolhidos para o ministério da palavra. Estes que foram alvos da graciosa vocação ministerial devem se preparar para o melhor de Deus, pois o mesmo Deus que vocaciona também chama, envia e sustenta com sua graça e poder.
__ Pr. Rivail Sousa __ Sugestões bibliográficas CABRAL, Elienai. HOMILÉTICA – Falando de Deus aos homens. 3ª Ed. 1996. Editora EETAD. OLIVEIRA, Raimundo F. de. TEOLOGIA DO OBREIRO – O ministério, Suas Qualidades e Exercício. 2ª 1994. Editora EETAD. ICP. Módulo VI. HOMILÈTICA. Editora ICP. RJ. 2007 BRINKE, Georg. Mil esboços bíblicos de Gênesis a Apocalipse. 1ª Ed. 1994. Editora Esperança. SPURGEON. C. H. LIÇÕES AOS MEUS ALUNOS – Homilética e teologia pastoral. 1ª Ed. 1982. Editora PES.